Input Empresário do Granito
Francisco Ferreira de Barros, Lda
A Importância da Aposta no Setor do Granito na Região
O setor do granito é dos mais importantes na economia da região do Tâmega e Sousa, nomeadamente na dos concelhos de Penafiel e Marco de Canaveses.
O volume de faturação deste setor na região, desde 2018, superou os 100 milhões de euros, segundo dados do INE, no entanto os apoios financeiros e ao negócio dos empresários do setor ficam aquém do esperado pelos próprios. O pensamento estratégico sobre o futuro do sector não existe, sendo que as decisões futuras são, aparentemente, tomadas por cada empresário individualmente e tendo em conta o seu negócio, ao invés de haver agregação entre os empresários no que toca a se ultrapassarem os principais desafios e problemas com que se deparam. Há projetos apoiados em fundos da União Europeia que apoiam individualmente as empresas na aquisição de novas tecnologias, mas a verdade é que “pensar o setor” tem ficado esquecido.
O projeto Granito e Rochas Similares no Tâmega e Sousa: Sustentabilidade, Competitividade e Transformação Digital da Associação Empresarial de Penafiel vem contrariar esta tendência individualista e tem como objetivo desenvolver um conjunto de ações integradas que vão ajudar e capacitar as empresas do setor, nomeadamente na área da inovação, ambiente e até na internacionalização das empresas da região.
Numa das visitas aos associados da Associação Empresarial de Penafiel (AEP), a revista #Input foi conhecer a empresa Francisco Ferreira de Barros, Lda, localizada na freguesia de Duas Igrejas, no concelho de Penafiel, com 37 anos de existência.
Nesta altura vai já na segunda geração com António Barros e Cristina Rocha, sendo que ambos temem que “a falta de mão de obra” possa comprometer o negócio a longo prazo.
António Barros seguiu o negócio que o pai iniciou e confirma que ao longo dos anos todo o investimento que a empresa tem feito tem sido privado ”os poucos projetos apoiados em fundos públicos que existem têm sido individuais e baseados na compra de equipamentos. Não houve, até ao momento, por parte das entidades públicas ou associativas um projeto que ajudasse o setor a evoluir para lá do que é a extração e transformação da matéria-prima: ”, explicou.
Para este casal de empresários, o projeto “Granito e Rochas Similares no Tâmega e Sousa: Sustentabilidade, Competitividade e Transformação Digital” pode “ajudar a criar novos produtos e a abrir novos mercados nacionais e internacionais, o que pode equilibrar a faturação da empresa, que é incerta de ano para ano. Hoje temos muito trabalho, mas nada nos garante que daqui a dois anos o mercado continue forte e os investimentos de hoje possam ficar insustentáveis em pouco tempo”, confessou António Barros.
Continuando a falar de futuro, outro dos desafios apontados pelo casal de empresários “é a falta de mão de obra. Tememos que a nova geração não queira enveredar pelo nosso setor, por ser um trabalho mais duro, mas que hoje já é bem diferente do que era. Achamos que devemos mostrar à juventude e aos pais que o setor mudou, modernizou-se e ser pedreiro tem futuro”, avançam.
“O setor do granito deve ser dos que paga melhor aos seus colaboradores, muito mais que a alguns engenheiros. O problema é que quando cá chegam, os jovens não sabem nada da arte e o investimento neles sai muito caro às empresas. Era importante haver cursos para formar jovens neste setor”, admite António Barros que começou a trabalhar na pedra “ainda antes do tempo permitido. Mas hoje não mudava de setor para trabalhar”.
A inovação possível no setor do granito e que o projeto “Granito e Rochas Similares no Tâmega e Sousa: Sustentabilidade, Competitividade e Transformação Digital” permite abordar, pode ser uma das formas de chegar aos mais novos e mostrar a transformação que houve nas últimas décadas e potencial do sector, captando a atenção para se formar “a nova geração de pedreiros, maquinistas, manobradores e engenheiros”, refere o casal que tem dois filhos e luta também para que eles se entusiasmem e mantenham o negócio da família, chegando à terceira geração.
Atualmente, a Francisco Ferreira de Barros, Lda atua na área da extração e transformação, mas pretende avançar para um novo projeto/vertente do negócio que é a britagem.
“Tudo vai depender dos apoios para avançarmos com este projeto que está pensado num investimento superior a três milhões de euros”, remata António Barros.