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Educar e formar: outra receita para aumentar a rentabilidade das empresas

Uma das obras mais lidas pelos estudantes de Economia ou de Gestão é “A Riqueza das Nações: uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações” (1776) de Adam Smith, considerado por muitos como o pai da economia moderna.

Nessa obra é referida de forma valorizada a importância da qualificação profissional dos trabalhadores, nomeadamente através da educação e formação, para o aumento da produtividade e para o crescimento económico.

Smith afirmou mesmo que “pessoas instruídas são mais conscientes do seu papel na estrutura produtiva, trabalhadores menos instruídos são desordeiros e atrapalham a hierarquia de posições económicas”.

Esta afirmação pode ser conotada com um capitalismo e liberalismo extremos, à luz do pensamento económico atual e da nova ordem económica, mas, no essencial, evidencia a teoria comprovada de que a escolaridade e habilitações dos trabalhadores, por regra, aumentam a produtividade da economia e influenciam no processo de mudança tecnológica de uma nação (e de uma empresa) promovendo o seu crescimento económico.

Ainda na história do pensamento económico, existem vários modelos de apuramento e cálculo do retorno do investimento na educação. Por exemplo, a “Equação Heckman” defende que quanto mais cedo se investe na educação de uma criança, maior é o retorno, havendo análises a este modelo que apontam que, por cada unidade monetária investida numa criança na fase dos 0 aos 5 anos, recebe-se cerca de seis unidades monetárias quando a criança se torna adulta, o que representa um retorno de investimento na ordem dos 13% a 14%.

Por isso, é normal que na estrutura de recursos humanos das empresas, os últimos anos se tenham traduzido pelo aumento da contratação de pessoas com elevadas escolaridades e habilitações, na medida em que todas as análises apontam para uma relação direta positiva entre níveis de educação mais elevados e a produtividade e a inovação de empresas.

Uma leitura e uma interpretação atentas dos dados da PORDATA, permitem aferir a acentuada tendência de crescimento do número de população empregada com o ensino superior completo, não só em termos absolutos, como em peso percentual face à estrutura do nível de escolaridade da população empregada.

Essa tendência é generalizada no panorama nacional, mas com uma tendência ainda mais vincada na NUT`s III do Tâmega e Sousa e no Concelho de Penafiel. Na verdade, enquanto que em Portugal e na Região Norte, o número de população empregada com o nível superior de escolaridade subiu em 2021 em 38,1% e 45,5%, respetivamente, face a 2011, no que respeita à região do Tâmega e Sousa essa subida foi de 63,8% e no Concelho de Penafiel foi de 67,9%.
Se alargarmos o período de análise até ao início deste século, essa tendência acentua-se, conforme se pode verificar no quadro e gráficos seguintes, extraídos da PORDATA:

Ainda assim, e apesar de toda a evolução verificada nas últimas décadas, e de acordo um estudo recente da Fundação José Neves, realizado em 2022, a produtividade em Portugal não tem acompanhado o ritmo de crescimento das qualificações dos portugueses, apontando-se de entre algumas causas para essa situação, o mau aproveitamento de “talento” que poderá decorrer da (má) qualidade da gestão e da (fraca) motivação e liderança dos empresários. Em 2021, a percentagem de empregadores que não terminou o ensino secundário era de 47,5%, quase o triplo da média europeia que é de 16,4%.

Ao nível empresarial, e podendo a temática ser abordada de diversos prismas, o investimento na qualificação e capacitação é decisivo para se enfrentar com sucesso os novos desafios das empresas, nomeadamente na transição digital, na transição ecológica associada à emergência climática e na economia circular, mas também e, se calhar de forma decisiva, nas competências de gestão, de liderança e de estratégia, o que determinará como as empresas competem.
O mercado de trabalho carece de medidas que permitam qualificar, requalificar e desenvolver novas competências (digitais, interpessoais, comunicação, responsabilidade social, ambiental e ética empresarial) para a implementação de um processo contínuo conducente ao aumento da produtividade e da rentabilidade das empresas.

No fundo, à velha expressão do pensamento económico que o lucro é a diferença entre a receita e a despesa, pode-se, nestes tempos de transição, acrescentar que a velocidade com que se recupera o investimento é cada vez mais uma variável determinante para a tomada de decisão.

E para isso, a educação (e formação) é o ingrediente principal da receita do Lucro.

A Associação Empresarial de Penafiel tem, através de toda a sua intervenção no domínio da formação profissional, formado ingredientes de qualidade para incrementar valor no tecido empresarial do concelho de Penafiel e da região do Douro, Tâmega e Sousa.