Input Económico

Empresas e Projetos AEP

O Impacto da Economia no Contexto Empresarial no Concelho de Penafiel

A Associação Empresarial de Penafiel (AEP) ao longo dos últimos meses, vividos na situação pandémica da Covid-19, tentou acompanhar de forma muito próxima todos os seus Associados no sentido de os poder ajudar, sob diversas formas, a lidar com todos os constrangimentos impostos pela paralisação e/ou contração da atividade empresarial devido à imposição de medidas de contingência e de confinamento decretadas pelas autoridades. Esse apoio teve especial enfoque em levar ao conhecimento dos Associados as várias medidas e apoios dirigidos à atividade empresarial que, com maior ou menor adequação, foram decretadas pelo governo para minimizar os impactos da pandemia, nomeadamente no reforço da liquidez da tesouraria das empresas e na manutenção dos postos de trabalho.

Assim, e em conformidade com a necessidade de obter informação concreta e mensurável sobre a real situação vivida pelas empresas, a AEP fez uma auscultação junto do seu universo associativo no sentido de poder recolher inputs que permitissem sistematizar informação para defender mais afincadamente os seus interesses junto das instituições decisoras (Governo, Autarquia e DGS), por um lado, e, por outro, para formular um conjunto
de propostas e de iniciativas legais tendentes à melhoria da situação económica e financeira do tecido empresarial.

Esse inquérito, enviado de forma eletrónica a mais de 400 associados e que mereceu resposta validada de 76 empresas, teve uma tripla
finalidade:

  1. A obtenção de informação sobre a real situação das empresas e o efeito que a pandemia COVID-19 teve nos seus negócios;
  2. A avaliação que os Associados fazem do trabalho desenvolvido pela AEP e pelo Governo no que à gestão da pandemia diz respeito;
  3. A obtenção de sugestões sobre medidas a implementar que se possam constituir como úteis para a atividade empresarial.

Assim, as principais conclusões a retirar deste trabalho podem ser resumidamente enunciadas:

Cerca de 37% das empresas referiam que o nível médio da quebra de faturação entre Março de 2020 e Março de 2021 se situou em menos de 10%, enquanto cerca de 21% das respostas apontaram para uma quebra superior a 70%, o que denota que a crise atingiu em diferentes dimensões alguns setores de atividade.

Por outro lado, e tendo-se verificado a existência de dois confinamentos, 63% das empresas que responderam ao inquérito manifestaram que foi no primeiro (de Março a Agosto de 2020) que a quebra de faturação mais se fez sentir, enquanto 37% das respostas dirigiam a maior perda de faturação para o período do segundo confinamento (de Setembro de 2020 até Março de 2021).

Relativamente aos apoios disponibilizados pelo Estado, e apesar da intensa e massiva divulgação dos mesmos, mais de 52% das empresas que responderam ao inquérito não se candidataram a nenhum desses apoios.

Cerca de metade das empresas que se candidataram indicaram o prazo médio de duas semanas a um mês para a obtenção da respetiva aprovação e de um idêntico período adicional para o recebimento efetivo do apoio, o que, na melhor das hipóteses, se traduzia num mês para o recebimento do apoio financeiro do Estado, e na pior, cerca de dois meses.

De realçar o facto de, apesar de todas as dificuldades vividas, cerca de 95% das respostas indicavam que não houve qualquer despedimento #13 na respetiva empresa e que todas as empresas investiram em meios de segurança e proteção contra a disseminação da Covid-19, ainda que apenas 16% tenham recorrido ao apoio do programa ADAPTAR.

No que se refere ao segundo confinamento imposto pelo Governo, as opiniões quanto à sua pertinência dividiram-se. Ainda assim, a maioria (cerca de 53%) concordou com a sua implementação.

Quanto à duração dos impactos negativos, mais de metade das empresas respondeu que irá ser preciso mais de um ano para que a atividade empresarial do seu estabelecimento volte a apresentar um desempenho normal e ao nível do volume de negócios gerado no período pré-pandemia.

No ponto em que se pretendia avaliar o trabalho desenvolvido pela AEP na defesa dos interesses dos seus Associados durante o período pandémico, as respostas foram claramente positivas, tendo todas as respostas sido classificadas como positiva a atuação da Associação e quase 80% a classificado como Boa ou Muito Boa, o que, sendo em nossa opinião um justo reconhecimento pelo trabalho efetuado, é mais um sinal evidente da importância institucional e da capacidade reivindicativa que a AEP não se pode nunca dissociar.

Por fim, e no que à avaliação do desempenho do Governo no que toca às medidas implementadas para apoio às empresas na fase da pandemia, as respostas foram claramente díspares, havendo uma dispersão do entendimento e avaliação, conforme gráfico abaixo.

No que diz respeito a sugestões, pode-se sintetizar que a maior parte apontavam para pedidos de isenções temporárias de taxas e impostos, nomeadamente a tarifas sobre água e saneamento, derrama, IMI e o IVA sobre a eletricidade, entre outras.

Em suma, do inquérito produzido, podemos afirmar que as respostas não são totalmente inesperadas, indo de encontro ao que genericamente temos vindo a percecionar na opinião dos empresários e, consequentemente, correspondendo com as tomadas de posição da AEP junto do Governo de Portugal.

Assim, conseguimos provar que as posições que assumimos perante o Governo ao longo destes 15 meses de pandemia, coadunam-se com os resultados do inquérito:

  1. Eventual falta de conhecimento de medidas de apoio por parte dos empresários/inelegibilidade de alguns tipos de empresas (mais de 52% das empresas não se candidataram a apoios COVID-19);
  2. Excesso de burocracia na submissão do pedido de apoios/demora na análise/demora na disponibilização de verbas (metade das respostas obtidas indicaram que o período compreendido entre a submissão dos pedidos de apoio até ao momento em que os apoios chegam aos empresários, pode ser de dois meses);
  3. Que a retoma para níveis pré-pandemia vai ser demorada.