Input do Colunável

Telmo Pinto, Primeiro-Secretário Executivo da CIM do Tâmega e Sousa

Desafios para o Território

O nosso território é revelador de singularidades que sobressaem da análise de indicadores, como o PIB por habitante, o mais baixo a nível nacional (14 526 €), bem como o índice de poder de compra, um dos menores do país (75,93%). Por outro lado, o território exporta mais do dobro do que importa – em 2023, as exportações ascenderam a 1,9 mil milhões de euros, enquanto as importações a 877 milhões de euros -, sendo a NUT III do Norte com a taxa de cobertura das importações pelas exportações mais elevada (217,92%, sendo de 73,5% em Portugal e 112,87% no Norte), apesar de 98,96% das suas empresas serem de pequena dimensão (42 018 microempresas em 44 880 empresas). Esta diferença entre importações e exportações é demonstrativa da resiliência das empresas da região e da sua capacidade produtiva.

Analisando os indicadores, e sabendo da influência dos fundos europeus nos mesmos, cabe-nos refletir sobre a necessidade de os direcionarmos cada vez mais para as empresas, sobretudo para o investimento em I&D, digitalização de processos e qualificação de recursos humanos, dos quadros intermédios aos altamente qualificados.

No nosso Território temos um conjunto vasto de oportunidades de investimento, já contratualizado, seja através do PRR seja via Norte 2030, que ultrapassa as centenas de milhões de euros, em áreas de apoio à atividade empresarial (Agendas Mobilizadoras); à qualificação dos recursos humanos- Infraestruturas Escolares, Centro de Formação do Tâmega e Sousa, Centros Tecnológicos Especializados-;à Eficiência Energética, à Digitalização da Economia e da Administração Local; às Infraestruturas Rodoviárias e à Habitação, aos Equipamentos de Saúde e Sociais, entre outros.

A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Tâmega e Sousa está ciente destas necessidades e da importância dos fundos europeus no atenuar das dificuldades das empresas e em criar condições mais favoráveis para o seu crescimento e afirmação no mercado. Assim, um dos grandes desafios da CIM do Tâmega e Sousa é o de promover a cooperação profícua entre entidades públicas – CIM, municípios, universidades e centros de investigação – e empresas, fomentando o desenvolvimento económico da região, mas também científico, especialmente no âmbito da investigação e criação de produtos inovadores de alto valor acrescentado.

Só com este trabalho, em rede, poderemos fomentar o created in Tâmega e Sousa, uma necessidade já incorporada na estratégia da CIM do Tâmega e Sousa para o presente ciclo de programação comunitário, onde a promoção da investigação e inovação, alinhada com a perspetiva da União Europeia, mas centrada no território, nas suas potencialidades, nos seus recursos endógenos e no seu tecido empresarial se manifesta crucial.
Foi com base na premissa created in Tâmega e Sousa que a CIM estruturou e apoiou vários projetos inovadores, como o Centro de Tecnologia e Inovação das Indústrias da Madeira e do Mobiliário, o Centro para a Transição Digital e Inovação Industrial, o Centro de Investigação da Vinha e do Vinho, entre outras infraestruturas tecnológicas e de conhecimento.

A valorização dos recursos humanos é igualmente fundamental. Temos consciência da constante perda de mão-de-obra qualificada para os centros urbanos próximos, sendo este outro dos desafios a encarar. Reconhecemos que urge uma oferta formativa de qualidade, mais direcionada para a nossa realidade empresarial e que permita colmatar as necessidades da economia e das empresas, promovendo a fixação de jovens na região e a melhoria das suas condições de vida, mas também a revitalização deste território, tornando-o mais atrativo e competitivo.

É um facto que os fundos europeus têm tido um papel indiscutível no desenvolvimento desta região, quer pelos avultados investimentos estruturais quer pela aposta na educação e formação, mobilidade, ambiente e floresta, transição digital e energética, inclusão social, turismo e cultura.

Continuamos, porém, a precisar de um reforço destes fundos, sobretudo para estimular o investimento e criação de valor acrescentado no tecido empresarial da região. Temos sensibilizado os organismos regionais e nacionais para a necessidade de uma discriminação positiva na distribuição dos fundos comunitários, tornando-a mais equitativa, com base nas necessidades, mas também nas potencialidades evidenciadas, permitindo, no futuro, um apoio mais consistente às empresas e principais indústrias exportadoras, e fomentando o crescimento de uma região com tradição empreendedora, mas que se quer mais coesa, competitiva e inovadora.