Input do Colunável
Nuno Brochado, Presidente da Direção da Associação Empresarial de Penafiel
As Realizações de Utilidade Social Como Fator Estratégico de Gestão
Ser empresário é um desafio constante!
Ao contrário do que é ensinado nas universidades no estudo das economias de mercado, atualmente, praticamente nada é inalterado e constante. Tudo é o contrário do ceteris paribus. Tudo muda, tudo evolui a uma velocidade crescente e, do ponto de vista do empresário, isso representa uma necessidade de se adaptar a novos contextos e de ter de tomar decisões sobre variáveis que, há alguns anos, não contavam para a equação.
Uma dessas variáveis é a motivação da equipa. Cada vez mais é imprescindível o empresário tomar medidas que promovam a harmonia social no contexto intra empresa, implementar práticas conducentes a garantir a saúde e bem estar dos seus colaboradores e das suas famílias, o que cria, desenvolve e potencia um sentimento de pertença entre os colaboradores, fazendo-os sentirem-se ainda mais parte da equipa e uma peça importante na engrenagem da máquina, que é a empresa. Mas tudo isto, para além da sabedoria que exige, custa dinheiro. E do ponto de vista do empresário que se depara com recursos limitados, impõe-se encontrar formas de, em simultâneo, promover esse bem estar organizacional sem colocar em causa a necessidade de ter uma boa rentabilidade económica e lucro que permita garantir a sustentabilidade da sua empresa.
Uma das formas que se pode escolher para atingir esse duplo desígnio é a implementação no contexto de remuneração aos colaboradores das denominadas realizações de utilidade social (RUS). As realizações de utilidade social são, por definição jurídica, um conjunto de prestações que têm por objetivo finalidades de natureza social, além de constituírem uma contrapartida económica das atividades exercidas pelos trabalhadores. Entre outros exemplos, este tipo de benefícios podem assumir a forma de seguros de vida, seguros de saúde, pagamento de creches e jardins-de-infância e até passes sociais. No que se refere às vantagens da sua implementação, esta modalidade beneficia de um regime fiscal mais atrativo e menos custoso que as convencionais formas de remuneração, tanto da ótica das empresas como dos colaboradores, uma vez que podem, em simultâneo, ser consideradas como gastos dedutíveis ao lucro tributável sujeito a IRC e, em certas circunstâncias, serem majoráveis e ainda estar excluídas de tributação de IRS.
Na recente edição da sua Feira da Saúde, a Associação Empresarial de Penafiel definiu como tema central precisamente esta temática, trazendo a debate a análise dos benefícios de natureza social que as empresas podem proporcionar aos seus trabalhadores e os benefícios que as próprias empresas podem retirar da sua aplicação, com o objetivo de clarificar e esclarecer os Associados, mostrando uma outra perspetiva de beneficiar o ciclo de negócio.
Do ponto de vista dos desafios do empresário, motivar e reter colaboradores nas empresas é cada vez mais uma estratégia, para além de uma necessidade, evitando-se com essa prática custos associados à desmotivação e, por vezes em consequência disso, custos de rotatividade de colaboradores. A implementação de práticas que promovam esse sentimento de comunidade e que incutam na equipa um foco de motivação, constituem um fator estratégico de gestão que tem um impacto positivo na produtividade, eficiência e rentabilidade da empresa.
É cada vez mais importante quem gere e quem dirige ter a clara perceção desta nova realidade, em que a implementação de práticas associadas ao bem estar do capital humano é, e certamente há de ser ainda mais no futuro próximo, uma forma de garantir o sucesso das empresas e um caminho mais direto para a melhoria do contexto do tecido empresarial.