Input do Colunável
Pedro Cunha, Diretor da Associação Empresarial de Penafiel
Novo Ciclo Político: Sinal de Oportunidade ou de Maior Instabilidade?
É sobejamente sabido que vivemos atualmente tempos de grande incerteza e de irreversível alteração do nosso panorama económico-social.
Depois de um longo e conturbado período pandémico, deparamo-nos agora com a deflagração de dois graves conflitos globais sem fim à vista que continuam a provocar fortes constrangimentos nos diversos setores que influenciam as decisões do nosso dia-a-dia, não só enquanto cidadãos mas sobretudo enquanto agentes económicos (ainda recentemente, com a crise no Mar Vermelho, assistimos a um aumento de cerca de 400% no preço do transporte marítimo).
Aqui chegados e com eleições legislativas à porta, impõe-se, a nosso ver, a seguinte pergunta: o que esperar da nova equipa governativa que irá tomar posse no próximo mês de março e quais devem ser as prioridades do próximo orçamento de Estado e do conjunto de organismos públicos que dele dependem, perante este cenário de contínua imprevisibilidade e significativo aumento de fatores de risco, dentro e fora do nosso país?
O propósito desta edição é levar-nos a refletir sobre estas questões e, fundamentalmente, dar oportunidade aos nossos associados de expressarem quais as suas preocupações e as suas expectativas perante este novo ciclo político que se avizinha. Ciclo esse que, convém recordar, surge na antecâmara de eleições para o parlamento europeu e novas nomeações para os altos cargos das instituições comunitárias, a que se juntam eleições presidenciais norte-americanas, às quais não seremos evidentemente imunes. Será que podemos estar finalmente perante um ponto de viragem ou apenas no início de uma nova onda de agitação e ingovernabilidade?
Enquanto associação empresarial secular que somos, temos a plena consciência de que as respostas para os problemas estruturais que o país enfrenta não podem depender, apenas e só, do crescimento anémico da nossa economia. É cada vez mais urgente uma visão estatal e de compromisso interpartidário que pense no desenvolvimento do nosso país a longo prazo, tendo em conta o mundo globalizado em que vivemos, e que não se limite meramente a resolver os problemas desta ou daquela classe.
Da nossa parte podem contar com uma associação responsável e proativa que continuará a defender e a promover os benefícios da atividade económica local e da qualificação do seu capital humano, fazendo ver aos nossos governantes, de forma construtiva, quais os incentivos prioritários para a criação de um ambiente empresarial saudável e frutífero.
É justamente nestas alturas que se exige que o Estado seja uma garantia de estabilidade e um exemplo na utilização eficiente dos seus recursos, não contribuindo ainda mais para adensar os graves condicionalismos da conjuntura atual.
Em boa verdade, se o Estado não fizer o suficiente para ser parte da solução, acabará por ser, inevitavelmente, parte do problema.