Input do Colunável
Luísa Magalhães – Diretora Executiva da Associação Smart Waste Portugal
Sustentabilidade, Critérios ESG e Economia Circular
A sustentabilidade, os critérios ESG (Environmental, Social and Governance), bem como a Economia Circular são temas cada vez mais presente no dia-a-dia dos governos, das organizações e da sociedade em geral.
Fatores como o crescimento da população mundial, a consequente pressão exercida nos recursos naturais, a crise das matérias-primas, a produção excessiva de resíduos, a perda de biodiversidade, a emissão de gases com efeito de estufa e a crise energética e as metas impostas pelos novos regulamentos fazem com que as políticas de sustentabilidade e a economia circular sejam imperativos e assumam, atualmente, um papel de maior destaque nas agendas de vários países, sendo cada vez mais uma preocupação de todos. Ou seja, a economia circular tem vindo, cada vez mais, a ser mencionada nas mais diversas estratégias europeias e nacionais, como são exemplo a Convenção Quadro das Nações Unidas, a Agenda 2030, o Acordo de Paris, o Plano de Ação para a Economia Circular e o Pacto Ecológico Europeu. Estas indicam a economia circular como um dos temas mais perspetivados para o apoio à descarbonização da indústria, à valorização dos recursos e à (re)organização do sistema económico vivenciado atualmente.
Através da economia circular pretende-se dissociar o crescimento económico do aumento do consumo de recursos e da produção de resíduos, preservando assim o capital natural, rumo a uma maior sustentabilidade.
No entanto, os números ainda são baixos. O primeiro relatório “Circularity Gap Report” lançado em janeiro de 2018 no Fórum Económico Mundial em Davos, apresentou resultados alarmantes: apenas 9,1 % da economia mundial era circular. Atualmente, a tendência é de descida, fixando-se este valor nos 7,2 % em 2023. Segundo o Eurostat, em 2020 Portugal teve uma taxa de circularidade de 2,2%, comparativamente à média europeia de 12,8%.
Consideramos que para que este conceito de economia circular seja possível, é preciso que haja um envolvimento das diferentes cadeias de valor, da academia, das associações, dos governos e dos consumidores, para que todos trabalhem rumo a uma economia livre de resíduos, onde tudo é considerado recurso.
A Associação Smart Waste Portugal, fundada em maio de 2015, que conta com mais de 140 associados de diferentes setores, pretende ser uma rede de entidades, que potencia e valoriza o resíduo como um recurso económico e social e dar resposta aos desafios enumerados. Tem assim como objetivo criar condições para uma maior capacidade de reagir a novos fatores nacionais e internacionais de uma forma competitiva, atuando em diferentes cadeias de valor através de uma estratégia colaborativa, da inovação, da investigação & desenvolvimento, da educação, da implementação de soluções e da geração de novos negócios.
É cada vez mais urgente que haja uma mudança de paradigma e que a economia se torne cada vez mais circular, resiliente e sustentável, para podermos ter um Planeta Terra que satisfaça as nossas necessidades e das gerações vindouras. E para isso precisamos da colaboração e do envolvimento de Todos!