Input do Associado
Producanelas
Empresários Esperam Mudança na Legislação para Investir em Energia Verde
Ainda pouco se falava em energia fotovoltaica, e já Joaquim Pinto, empresário desde o início dos anos 90, proprietário da empresa Producanelas, o maior entreposto frigorifico do Vale do Sousa, com capacidade para 1.500 Toneladas de Produtos Congelados já procurava saber como poderia reduzir os custos na conta de eletricidade.
Iniciou atividade em 1992, e no final dos anos 90 os painéis fotovoltaicos passaram a ser uma das suas maiores curiosidades.
No ano de 2012 instalou duas centrais fotovoltaicas de 90KWH e 20KWH capazes de satisfazer 45% da sua necessidade energética, e assim, permitiram reduzir a sua fatura na mesma proporção.
Para Joaquim Pinto, o início na aposta da energia renovável, através de painéis fotovoltaicos foi “na altura certa, porque ainda era pouco conhecida esta tecnologia, e a legislação ainda não nos impunha limites e constrangimentos no investimento destes sistemas de energia verde”.
Com a chegada da Troika a Portugal, chegou tambem nova legislação, que alterou e colocou obstáculos às empresas e particulares no que toca à possibilidade de injetarem a energia produzida na rede e de terem um retorno financeiro por essa entrega à rede.
É então que, com a implementação desta nova Lei as empresas instaladoras, consumidoras e particulares deixam de investir nesta tecnologia, precisamente quando Portugal podia ter dado um grande salto ao nível económico e ambiental, tornando assim o país e o mundo mais sustentáveis.
Logo no primeiro investimento, percebeu como poderia poupar na conta de eletricidade e poderia fazer a diferença na sustentabilidade da sua empresa assim como na preservação do ambiente, tornando a Producanelas um exemplo na redução da pegada ecológica.
“Se hoje o termo sustentabilidade é banal, na transição do século anterior, pouco se sabia e falava sobre ela. É a partir daqui que em 2014 inicia uma nova aposta empresarial numa empresa de Energias Renováveis no Brasil, a ENERBRÁS, e em 2021 uma outra empresa do mesmo ramo para grandes projectos, a ERNERONE”, acrescenta o empresário
Com a chegada da guerra, Joaquim Pinto assume: “rapidamente me apercebi do grande aumento do preço da energia, e imediatamente procedi a uma nova instalação de autoconsumo de 170 KWH capaz de produzir mais cerca de 40% da minha necessidade energética, passando assim, a uma autonomia de mais de 80% dos meus consumos. Poderão perguntar, e porque não produz os outros 20%? Porque a Lei portuguesa não deixa”.
A sua maior satisfação seria ver aplicada em Portugal a Lei que existe no Brasil, pois é permitido produzir toda a energia necessária para as empresas e particulares, e entregar à rede, o excedente que vira crédito, existindo a possibilidade de utilizar esse crédito por um período de 36 meses.
“Como sabemos, o nosso político não tem essa coragem de confrontar os grandes lóbis económicos, logo não estão a contribuir para um planeta melhor. Tenho a certeza, que, com esta Lei uma grande parte das empresas e particulares produziriam a sua própria energia”.
Questionado, o empresário explicou que, no Brasil com duas empresas do ramo, garante ser “muito mais otimizado e lucrativo para todos. Quer para quem faz os investimentos na colocação de painéis fotovoltaicos, porque ainda fica com os excedentes que entregou na rede para usar até nas filiais ou habitações espalhadas pelo brasil, desde que a entidade que gere a rede, seja o mesmo comercializador”.
Associado da Associação Empresarial de Penafiel, desde o início da sua atividade, gostaria que a instituição olhasse mais para estas questões “e fosse mais reivindicativa junto do Governo, para que, todos os empresários, comunidade, e ambiente, ganhassem mais com os investimentos dos privados. Não tenho a menor dúvida que se a legislação mudasse, muitos mais empresários investiam num negócio que todos têm a ganhar”. Para Joaquim Pinto, o Estado tem de alterar a legislação, e deixar “de falar em sustentabilidade sem criar condições para a mudança ser efetiva”.
Atualmente, a Producanelas produz a sua energia verde entre 80 a 90% da sua necessidade anual, entregando 100% da energia produzida das duas primeiras centrais à rede publica, usufruindo dessa venda para amortizar a sua compra, uma vez que não produz de noite. Considera que “se não tivesse feito estes investimentos, muito provavelmente não teria conseguido sobreviver, uma vez que a factura energética anual seria mais de 300 mil euros”.
Um dos exemplos que Joaquim Pinto até dá, é que as famílias podiam fazer investimentos maiores em painéis fotovoltaicos, desde o momento que entregassem de dia na rede e fossem buscar esse crédito à noite, pois como sabemos as pessoas trabalham de dia e não estão em casa para consumirem essa energia produzida.
Como sabemos, os maiores consumos energéticos são durante o dia, logo, essas instalações estavam a dar uma grande ajuda para os consumos nas indústrias.
Mais acrescenta, que essa energia que segue para a rede e que não é paga ao produtor, e que esse mesmo produtor a vai buscar à noite, vai pagar a sua própria energia que lá depositou. “Esta lei tem que ser mudada, por que se está a doar a essas empresas que no final do ano apresentam brutais lucros, e a perder de usar a energia produzida por si mesmo”, conclui o empresário, que, com 66 anos ainda não perdeu a esperança de ver a legislação mudar, e ver que todos em conjunto, irão efetivamente cumprir com o termo “sustentabilidade ambiental”.
A Producanelas, com 31 anos de atividade, é o maior entreposto frigorifico do concelho de Penafiel, sediada na freguesia de Canelas, contando já no grupo de empresas liderado por Joaquim Pinto mais três empresas, uma na área da informática e duas empresas na área das energias renováveis sediadas no Brasil.