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Projeto Inclusivo “Sala 35”

Projeto inclusivo Sala 35 do Agrupamento de Escolas Joaquim de Araújo recria T0 para aprendizagem de tarefas diárias

A Escola tem sido alvo de várias mudanças e alguns constrangimentos, num processo que se pretende de evolução. Os planos curriculares começam a mudar, deixando de estar tão presos aos próprios planos, e passando a abrir para as competências do ser humano, nomeadamente, para a socialização e autonomia.

O Agrupamento de Escolas Joaquim de Araújo, em Penafiel, desenvolveu um projeto inclusivo no âmbito das atividades de vida diária (AVD), dinâmica inserida no plano curricular.

Docentes, Direção, Associação de Pais e Encarregados de Educação uniram-se para dar vida ao projeto Sala 35, que tem como objetivo tornar a Escola mais inclusiva e, conforme definem as AVD, capacitar os alunos com competências essenciais para o dia a dia. Esta iniciativa visa proporcionar à criança condições para que, dentro das suas potencialidades, possa criar hábitos de autossuficiência que lhe permita participar ativamente no ambiente em que vive.

Em 2019, o Professor Manuel Sérgio, da área da Educação Especial – Cegos e Baixa Visão – pensou no projeto da Sala 35 para que pudessem apoiar os alunos com estas características, tornando-os mais capazes e autónomos nas tarefas diárias. No entanto, e devido à paragem provocada pela pandemia, o projeto foi revisto e alargado a toda a comunidade escolar, podendo assim ser um projeto mais inclusivo e igualitário. Isto é, todos os alunos vão poder usufruir deste projeto, desenvolvendo a sua independência através da aprendizagem de tarefas do dia a dia dentro de uma casa. Tarefas na cozinha, no quarto, na sala, com o tratamento da roupa, entre outras que nos permitem ser independentes, autónomos e com maior socialização.

Com o projeto já estruturado, docentes e Direção perceberam a dificuldade e falta de recursos que poderiam encontrar para a implementação do mesmo. Assim, em conjunto com a Associação de Pais e Encarregados de Educação, o projeto ganhou outra dimensão, abrindo-se à comunidade local.

Juntaram-se parceiros como a Associação Empresarial de Penafiel, que através da sua Direção e alguns associados, conseguiram fornecer equipamentos necessários para o funcionamento da Sala 35. Desde pequenos eletrodomésticos até ao quarto e sala, o T0 foi ganhando vida e, em dezembro próximo, será inaugurado para que todos os alunos do agrupamento possam começar a usufruir das suas condições.

Raúl Ribeiro, Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, começou por explicar à Revista #Input que a ligação entre Direção, docentes e pais sempre foi estreita, pelo que “os pais sentem que há vontade de fazer mais pela escola dos nossos filhos. Quando nos chega este pedido de ajuda, num projeto tão importante para o desenvolvimento de capacidades dos nossos filhos, só podíamos estar disponíveis para ajudar e reunir as pessoas necessárias para implementar o projeto”.

Quando o projeto chegou à fase de finalização com a necessidade de colocação dos bens essenciais para a Sala 35 “só tínhamos dois caminhos: ficar com um valor de patrocínio que foi dado primeiramente para os móveis e termos apenas a cozinha, ou procurarmos na comunidade local outros parceiros que fossem conhecer o projeto e se disponibilizassem a trabalhar em conjunto. Foi assim que surgiu a ideia de contactar a Associação Empresarial de Penafiel, uma vez que é a maior porta aberta para os empresários”, avançou Raúl Ribeiro.

Após os primeiros contactos feitos pela Associação de Pais Encarregados de Educação com a AEP perceberam que havia disponibilidade para colaboração “e em menos de duas semanas tivemos o nosso T0 completo”.

A inauguração da Sala 35 irá acontecer no mês de dezembro, num dia aberto à comunidade, com a presença de um Chef com estrela Michelin que irá cozinhar um prato para degustação na cozinha do T0.

Para o diretor do Agrupamento de Escolas Joaquim de Araújo, Amândio Azevedo, “estes projetos tornam a Escola mais próxima da realidade, menos curricular, e por isso também mais aberta à comunidade.

Queremos que os nossos alunos saiam daqui capazes de serem não só bons estudantes/profissionais mas essencialmente bons cidadãos, capazes de serem autónomos no seu dia a dia, independentemente da sua condição. Todos podem sair daqui mais independentes”, disse, explicando porque a Direção sempre tem a porta aberta para os desafios do corpo docente, com projetos desta e de outra natureza.

“Estes projetos fazem sentido porque temos docentes que querem tornar a Escola mais inclusiva e mais virada para o aluno. Queremos, naturalmente, que o currículo seja tratado com o devido valor, mas queremos acima de tudo formar os próximos médicos, enfermeiros, engenheiros, pedreiros e picheleiros, autónomos e independentes”. Para o diretor, “a Escola do futuro é uma escola como esta que se dedica a formar pessoas e profissionais”.

Apesar dos tempos conturbados para os docentes, Joaquim Silva, subdiretor da Escola refere que “os professores deste agrupamento mostram um compromisso com a vida escolar, e embora lutem por melhores carreiras, condições para a condição de professor, em nada prejudicam o desenvolvimento do aluno”, adiantou.

Para os envolvidos, não há dúvidas quanto ao mérito do corpo docente, que através destes e outros projetos conseguem motivar-se e motivar o aluno para estar na Escola e lutar por ela.

“Reconhecemos a importância de apoiar os nossos professores na abordagem destes desafios como parte integrante de seus projetos, especialmente considerando que muitos deles dedicaram vários anos a um método de ensino centrado no currículo. A Direção da nossa instituição está disponível a implementar outras formas de motivar os nossos alunos para que estejam alinhados com a realidade e as necessidades da escola contemporânea. A alteração no método de ensino também revela que muitos dos nossos professores têm uma longa experiência e estão habituados a outras formas de ensinar. Apesar disso, sempre fomos uma escola dinâmica, envolvida em projetos desafiantes, e acreditamos que isso serve como motivação para os professores, mesmo quando o reconhecimento por parte das autoridades educativas nem sempre é evidente.”, explica o subdiretor, Joaquim Silva.

Para futuro, a Direção e Encarregados de Educação pretendem dar continuidade ao projeto Sala 35, consolidando e renovando sempre que necessário, avançando para novos desafios que diferenciem o agrupamento e os mantenha sempre “um passo à frente” da Escola pública.

À Associação Empresarial de Penafiel deixam o agradecimento pela parceria na aquisição do recheio do T0, desafiando a instituição a “inaugurar a 5ª edição do Concurso Gastronómico Petiscando em Penafiel com um petisco elaborado pelos alunos na cozinha da Sala 35”.